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Albufeira Sempre

Diário sobre Albufeira.

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A casa da água do passeio marginal

albufeiradiario, 31.07.06

PATRIMÓNIO A RECUPERAR

ZÉ D'ALBUFEIRA  

No passeio dos Tristes, tristemente destruído em nome não sei de que segurança, há na ponte de fóra uma pequeníssima edificação, ao abandono, chamada casa da água, através da qual era fornecida gratuitamente água aos galeões e, mais tarde, às traineiras que afainavam na pesca da sardinha. Nas décadas de quarenta/cinquenta, início dos anos sessenta, antes de despontar o turismo.

Não obstante não possuir porto de pesca, ao contrário de Olhão e Portimão, Albufeira era muito procurada pelos mestres das referidas embarcações, por dispôr de uma baía acolhedora, situada exactamente no coração da zona de maior riqueza piscatória da costa algarvia, com abrigo seguro frente à Baleeira, mas também por se poderem aqui abastecer de água a qualquer hora do dia.

Bastava o galeão ou traineira dar três apitos para logo o Neves ou o João Bita (mais este último), funcionários das águas da Câmara, surgirem na boca do túnel munidos da ferramenta com que manobravam a torneira que haveria de libertar o precioso líquido.

Por não haver condições para aportar, o fornecimento era feito através de uma mangueira, qual pipe-line, estendida pelo mar adentro até à embarcação, através da chata.

Claro que a companha aproveitava para se abastecer ela própria dos bens essenciais para subsistência no alto mar ('quem anda no mar avia-se em terra') e descia  na praia dos barcos para demandar a vila em busca de provisões. E também de uns  bons copos de três em amena cavaqueira no Tóino Palmeira, na Ti Virgínia ou no Manel Azeiteiro, além de outras tascas onde podiam igualmente comprar carvão, petróleo, agasalhos e outros apetrechos.

A casa da água lá continua, abandonada, em ruínas. É um crime. Pelo menos para quem é de Albufeira e ama a sua terra e respeita os seus antepassados!

Param-se as obras do Polis - e muito bem - para estudar e recolher achados arqueológicos de valor duvidoso, mas nada se faz para recuperar as pedras vivas que são testemunho da nossa História recente.

Tal como a chaminé da concentradora, em boa hora restaurada e posta a descoberto, também a casa da água do passeio marginal pertence à memória colectiva do nosso povo. Deve ser encarada e tratada como património cultural da cidade.  

Compete à Câmara (já que nem Amigos de Albufeira nem outra instituição das que engrossam o orçamento do Município têm sensibilidade para isso) recuperar a casa da água e pô-la a funcionar como antigamente, integrando-a como núcleo museológico no roteiro do património histórico de Albufeira.

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contacto - albufeirasempre@sapo.pt

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