DIÁRIO não diário * Zé d'Albufeira
d.r.
25 de março de 2023
Por recusar alinhar com os-que-sempre-elogiam-quem-morreu (mesmo que os tenham injuriado/hostilizado em vida) que pululam na sociedade portuguesa, optei por deixar assentar o pó sobre a infausta notícia do passamento dessa figura ímpar de empresário que, acima de tudo colocava invariavelmente as suas preocupações sociais que foi o sr. Rui Nabeiro - para anotar no meu diário quanto se me oferece dizer sobre o acontecimento que enlutou toda uma Nação.
Faço-o hoje copiando um texto, que reflete a minha opinião, publicado no "Sol", da autoria de Luis Ferreira Lopes (quando copio, refiro o facto com naturalidade fazendo clara menção da origem; não como muitos que plagiam versos e prosas de outros e as apresentam como suas).
[...] O país perdeu um notável líder empresarial autêntico e genuíno, sonhador que sabia fazer, empreendedor que cresceu a pulso e nunca perdeu o traço de humildade que só os grandes homens de carácter conseguem manter ao longo de uma vida verdadeiramente inspiradora.
[...] os portugueses perceberam a dimensão daquela despedida e homenagearam quem criou riqueza e emprego com clara preocupação pelas suas gentes e pelo território do interior do país – mesmo tratando-se de uma grande empresa com forte presença internacional que, sob a liderança de Rui Nabeiro, nunca aceitou ser vendida a multinacionais estrangeiras.
[...] a partida de Rui Nabeiro foi um alerta irónico num país cada vez mais empobrecido e em revolta social. Deveríamos respeitar mais quem gera riqueza e cria ou mantém postos de trabalho, com o esforço desproporcionado de ser empreendedor num país de impostos pesados, onde existe um estigma contra os empresários e onde a inveja quase mata, qual fogueira que atraía as turbas nos autos de fé. Desta vez, o povo juntou-se para agradecer a quem fez o bem – porque era essa a sua forma de estar na vida e não para ficar bem nos relatórios de responsabilidade social que hoje estão na moda. Partiu um senhor (que não era doutor ou engenheiro) que era um sábio pela obra feita e pelo sorriso afável.