A poesia de
Nasceu Jesus
Chega o Natal. Ao de leve,
Seu níveo manto descerra,
A peneirar sobre a terra
Sua poesia de neve.
O vento, frio e cortante,
Traz-nos o som argentino,
Do toque alegre do sino
Na ermidinha distante.
E de quebrada em quebrada,
De monte em monte ecoando,
Do alto vai acordando
As almas em revoada.
E toda a gente da aldeia,
Tal como outrora em Belém,
Acorre prestes também
À capela humilde e feia.
Todos lá vão: os pastores,
Vão os zagais, os criados,
Lavradores abastados,
Os rudes trabalhadores:
Que o sino posto no pico
Da torre branca e esguia
Chama toda a freguesia
Desde o mais pobre ao mais rico.
Glória a Deus, nasceu Jesus!
E todos querem saudá-lo
E assim a “Missa do Galo”
Perfuma as almas de luz…
Deus, em palhinhas nasceu
No meio da maior pobreza!
Que trono de realeza
O Rei divino escolheu!...
Mas nesse exemplo profundo
Brilha a chama da Verdade,
A pregar quanto é vaidade
Toda a grandeza do mundo
… … … … … … … … …
E a neve cai sem cessar
A neve cai de mansinho
A peneirar, no caminho,
A branca luz do luar…
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