Réveillon sem guarda-chuva e com agasalhos
ATUALIZADO
albufeira.pt
ZÉ D'ALBUFEIRA
Ora aí está: afinal, não vamos precisar de guarda-chuva para assistir ao concerto de Anselmo Ralph na passagem do ano. Só teremos de reforçar os agasalhos. Isto a crer na previsão do IPMA-Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que aponta para a noite de 31, na área de Albufeira, a ocorrência de vento fraco de leste e temperatura de 13º, sem precipitação. Claro que não passa disso mesmo, uma previsão meteorológica, mas estas são cada vez menos falíveis à medida que a ciência avança. E ela avança todos os dias. Felizmente para todos nós, cuja qualidade de vida está sempre em crescendo com os seus avanços.
Esqueçam os arautos da desgraça que já viam nas inundações de anteontem um panorama terrífico, com nova cheia na baixa da cidade e bares encerrados no grande réveillon.
O que aconteceu e as televisões, fazendo fé em alguns entrevistados menos rigorosos, relataram com exagerado pessimismo, não foi mais do que o resultado de uma chuva intensa durante alguns minutos, que alagou a baixa, muito mal servida de escoamento desde a malfadada “intervenção Polis” que, contrariando o mais elementar bom senso, o arq. Nascimento e grande número de albufeirenses com experiência de vida q.b., dotou as nossas ruas de condutas para águas pluviais manifestamente desadequadas e insuficientes.
Nada que se parecesse com o fatídico dia 1 de Novembro, em que a ribeira, com vias impedidas, deficientemente programadas e executadas, galgou as margens e veio espraiar-se nas ruas de acesso ao mar – seu destino inevitável.
As inundações de anteontem só foram notícia porque aconteceu a cheia do início do mês passado. Muitas outras ocorreram entretanto, depois do Polis de má memória e raramente, ou quase nunca, foram faladas na comunicação social.
Por outro lado, parece evidente que as pessoas, na sua sofreguidão de entrar num novo ano com melhores dias, esqueceram um facto insofismável e bem real – é que estamos no inverno, é tempo de chuva e de mau tempo (passe o pleonasmo).
Os da minha idade lembram-se que sempre, nesta época do ano e na nossa meninice, chovia a rodos dias e dias seguidos e as inundações nas principais ruas da baixa da então vila de Albufeira eram em elevado número, pese embora sem a amplitude e intensidade das de hoje, uma vez que não havia o grau de impermeabilização de solos agora existente.
E, não obstante as alterações climáticas entretanto verificadas, ninguém, em boa verdade, se encontra habilitado a dizer que a precipitação está definitivamente arredada do Algarve, mesmo tendo em consideração que estudos científicos lhe augurem vir a transformar-se em prolongamento do deserto do norte de África.
ATUALIZAÇÃO às 8H00 de 31/12 - Afinal, o último dia do ano amanheceu molhado. Vamos ver como se comporta o estado do tempo a partir da tarde.