Mal de quem precisa
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d.r.
ZÉ D'ALBUFEIRA
Nós gostamos de ser portugueses e temos orgulho nisso.
Mas, na verdade, vivemos num país terceiromundista com um Estado (dito) Social de merda!
Uma pequena parte dos habitantes são os todo-poderosos-donos-disto-tudo, outra grossa fatia são os políticos, corruptos, que aspiram a fazer parte do grupo dominante - e a restante esmagadora maioria dos portugueses são os animais de trabalho, que tudo dão, a quem tudo tiram, e cujos direitos não passam de enunciados da Constituição quase sem valor prático.
Quando um de nós, a esmagadora maioria, é vítima de um dano inesperado da natureza ou acometido de doença que o impossibilita de trabalhar, os do poder, começando na mais ínfima autarquia, a fregueia, e acabando no nível superior da governação, o que fazem é assobiar para o lado.
Ao nível do concelho, é confrangedor como os detentores do poder local se alheiam do infortúnio dos concidadãos, ignorando as duras realidades que os atingem, pese embora o anúncio exagerado e artificioso da abertura de uma cantina social com pompa e circunstância ou a criação de medidas de apoio aos necessitados, quase sempre inconsequentes, mas mediatizadas até mais chega visando a colheita de trunfos eleitorais.
A catástrofe que atingiu Albufeira em 1 de novembro, fez vítimas as mais diversas, sendo que algumas por si próprias ou com indemnizações de seguros pagos a peso de ouro ou com recurso a financiamentos caros conseguiram erguer-se da tragédia e continuar a vida comercial que é o seu múnus.
Muitos houve, porém, que perderam tudo ou quase tudo. Para esses, não houve nem há apoios atempados do município ou do Estado (dito social).
Refiro-me aos comerciantes (e alguns moradores) que já não têm idade para recorrer ao crédito que o governo agora lhes abriu com taxas de juro e prazos para eles incomportáveis - e àqueles que, tendo idade, não dispõem de meios para assumir compromissos junto dos bancos (ah, pois, porque os empréstimos ora anunciados são contraídos junto da banca comercial...).
Sei de casos de comerciantes que perderam na cheia os pertences de toda uma vida e que, por não puderem continuar a pagar as rendas, entregaram as lojas aos proprietários pondo fim a uma atividade bruscamente interrompida pela intempérie.
No mínimo, lamentável.