Epifania do Senhor
Vatican News
O calendário assinala o dia 6 de janeiro como Dia de Reis, em homenagem aos três magos (os evangelhos não falam em reis, mas a tradição popular acrescentou-lhes esse título) vindos do Oriente para adorar o Deus-menino recém-nascido na gruta de Belém - e que tiveram a astúcia capaz de iludir a dissimulada e sanguinária inveja do rei Herodes.
De há uns anos a esta parte, por razões pastorais/litúrgicas que visam, antes do mais, possibilitar ao maior número de fiéis celebrar essa efeméride, a Igreja transfere a Solenidade da Epifania do Senhor para o domingo mais próximo.
É assim que, este ano, essa celebração ocorre este domingo, 5 de janeiro.
Com a devida vénia, para que os meus leitores possam melhor interiorizar esta matéria, transcrevo a reflexão ontem publicada pelo Vatican News.
Reflexão para a Epifania do Senhor
Manifestação do Menino Deus ao mundo! Deus dá aos Reis Magos a intuição, a sensibilidade e o dom do discernimento, que os levam a Belém.
Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos
A primeira leitura faz referência à situação de luto em que vive o Povo da Antiga Aliança e o anúncio de que deve se despir dessas vestes e trajar as da alegria porque o Senhor virá a ele e o iluminará com sua própria Luz. Será o povo luz, que iluminará os demais.
No Evangelho, vemos representantes de povos estrangeiros vindos até os descendentes de Abraão, guiados por uma luz diferente e buscando entre eles o novo rei.
Acontece que os magos, ao buscarem o novo rei, vão a Jerusalém e até Herodes. Apesar de intuírem e buscarem o novo, eles seguem os costumes antigos. Mas Deus dá a eles, além da intuição e sensibilidade, o dom do discernimento. Quando eles conversam com o rei Herodes, percebem que ali está um assassino, um opressor, um autêntico títere dos imperadores romanos. Ora, o novo rei é um chefe que apascentará o povo, que o defenderá dos lobos, bem diferente de Herodes.
Também o dom do discernimento fará com que percebam que não poderão encontrá-lo em Jerusalém, a cidade do poder, onde estão os sacerdotes coniventes com uma ideologia conservadora e opressora.
As profecias falam na cidade de Davi, Belém. É bem menor que a capital, mas possui a graça de ter sido a terra do grande rei, do jovem pastor, oriundo de uma família pobre. Os magos seguem as profecias e o conselho interesseiro do rei e colocam-se de novo na estrada. Nesse momento em que estão em busca, novamente surge a estrela e os conduz a Belém. Encontram uma criança, com toda sua fragilidade, junto aos seus pais, cidadãos pobres.
Essa intuição que os tirou da acomodação de casa, que os colocou na estrada, que os guiou como o brilho de uma estrela, que não os abandonou junto ao rei Herodes, que novamente os conduziu até Belém, essa Luz é a manifestação do próprio Deus.
Mas a iluminação não parou aí, ela os fez ver que o novo rei deveria ser novo em todos os sentidos, inclusive no modo novo de reinar. Enquanto os reis tradicionais reinavam sendo servidos pelos súditos, este iria servir seus subalternos. O novo rei era pobre e filho de uma família pobre. Suas visitas eram pessoas simples, desclassificadas aos olhos do alto clero de Jerusalém. Um poder novo surgia e vinha dos fracos, dos humildes, mas esse poder contava com uma força diferente, uma força que impulsiona os corações e é guiada pela Sabedoria.
Ao mesmo tempo o Povo da Aliança deixa de ser um povo marcado pelo mesmo sangue e pela mesma cultura e passa a ser composto por aquelas pessoas que aceitam os ditames desse novo rei: amor, perdão, simplicidade de vida, generosidade e todos os valores contidos nos Evangelhos.
Peçamos ao Senhor que modifique nosso modo velho e viciado de ser, pensar e de agir. Acreditemos – pois é um fato – que a salvação não virá dos poderosos, nem do dinheiro, nem da sociedade consumista. Ela virá daquele que possui Luz, brilho próprio, daquele que é capaz de dar a vida a si mesmo, porque é a própria Vida, daquele que tem poder porque ama e serve, porque é o Amor.