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Albufeira Sempre

Diário sobre Albufeira.

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Na Várzea da Orada

albufeiradiario, 23.08.08

O SOLAR DOS PAIVAS

MEMÓRIA VIVA DO PASSADO DE ALBUFEIRA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ZÉ D'ALBUFEIRA

No dia da procissão de Nossa Senhora da Orada, dei comigo a passear pelos arrabaldes da ermida, olhos semi-cerrados, em atitude de viagem mental pela memória da minha meninice. Ao tempo em que a ernida era, de facto, erma, no meio de vetusto amendoal que, por altura da floração, mais parecia um campo de neve deslumbrante e encantador. Para deleite dos que moravam à sua volta (particularmente no Páteo, com uma magnífica, inesquecível vista panorâmica) e de quantos vindos de todo o Algarve e também do resto do País (era Carnaval) a visitavam com ares e espírito de sedução e deslumbre.

Passei à porta da Quinta da Orada. A centenária fonte, que, ainda nos anos cinquenta/sessenta do século passado abastecia a população da área, accionada por uma roda de ferro enorme movida a força de braços - quando eu era puto eram precisos dois iguais a mim para fazê-la mover! - desapareceu. Vergada pela força do progresso, a marina que mais parece um jogo do Lego para adultos. Adultos ricos, entenda-se.

O palacete dos Paivas, construção do século XVIII, no interior da quinta, jardins alindados e bem tratados, viu melhorado o seu aspecto exterior. Cuido, pelo que se vê de fora, que o seu interior esteja também preservado e enriquecido. Visitei-o uma vez,  nos anos setenta, a convite do seu proprietário, o meu saudoso e sempre bem-humorado amigo Zézé Paiva. Era uma casa encantadora, decorada com sobriedade mas com bom gosto, onde primavam os móveis e objectos de acentuado cariz rústico, ou não fosse ela residência de antigos proprietários rurais de Albufeira.

Dizem-me que é, agora, casa de turismo rural.

Preservada (e bem!) como parte da memória colectiva deste povo. E logo me vêm à mente - por mais que queira esquecer, é impossível - os atentados perpetrados recentemente a essa memória e que se traduziram na destruição infame pelo malfadado POLIS de muitos dos marcos que se mantinham de pé em testemunho do passado dos albufeirenses. Irremediavelmente perdidos para as gerações vindouras. Como se Albufeira tivesse um antes e um depois sem conexão nenhuma.

 

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