Sem matriz regional
INTERVENÇÃO DESVIRTUA ALBUFEIRA
ZÉ D'ALBUFEIRA
fotos PolisAlbufeira
Parece que o grosso do planeamento do PolisAlbufeira foi arquitectado fora do Algarve, sem a participação de mãos algarvias. E, pelo que salta à vista, sem que tivessem sido consideradas as especificidades da tradição urbanística e da cultura intrínseca dos naturais de Albufeira.
Não está em dúvida, obviamente, a idoneidade e competência dos técnicos envolvidos, mas tão-somente a ausência de uma matriz regional.
Com menos meios (diríamos: sem meios) legais, logísticos, académicos ou outros, a Albufeira das décadas precedentes conseguiu preservar a sua identidade urbanística e depositar nas gerações actuais todo um manancial de autenticidade e virtuosismo transportados até nós pela vontade inabalável de cidadãos impolutos e responsáveis. Para ser agora gratuitamente desbaratada, em nome sabe-se lá de que princípios pseudo-intelectuais e futuristas, por pessoas que não sabem, nem procuraram saber, o que é a meia laranja, a concentradora, a rua direita, o vale do rio ou a toca dos carneiros.
Membros de executivos camarários ante e pós-25 de Abril, escudados apenas na sua honradez e em pareceres de técnicos conhecedores da realidade local, intérpretes fiéis dos valores e sentimentos profundos dos albufeirenses, tendo em conta o respeito pela autenticidade popular e o senso comum , lograram deixar-nos uma vila branca em mar azul rica de originalidades, beleza e potencialidades confirmadas no desenvolvimento turístico adveniente.
Com erros, é certo. Mas o futuro nos dirá se os de agora não emergirão mais gravosos.
Fomos tomados por filipes que pr'aqui vieram numa atitude de quero-posso-e-mando, como podiam ter ido para outro lugar, sem cuidar de saber se as soluções que preconizam se ajustam ao sentir e à vontade dos que cá estão.
Um dia destes vão-se embora, deixam-nos amarrados às incongruências.
Eles é que sabem. Mas nós é que nos lixamos.
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