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Albufeira Sempre

Diário sobre Albufeira.

Albufeira Sempre

Diário sobre Albufeira.

Edição de autor

albufeiradiario, 11.09.08
OBRA DE VÍTOR DE SOUSA NARRA ALBUFEIRA DO SÉCULO PASSADO

"TEMPOS QUE PASSAM,

RECORDAÇÕES QUE FICAM"   

        ZÉ D'ALBUFEIRA                          

Foi com um misto de alegria e satisfação que soube da publicação do livro do Vítor de Sousa.

Não fiquei surpreendido pela qualidade da obra, pois outra coisa não era de esperar da pena e da objectiva deste cidadão dos sete ofícios, jornalista exímio e devotado fotógrafo amador, de rara sensibilidade, dos anos sessenta/setenta.

O desencanto, porém, abateu-se sobre mim quando constatei que "Tempos Que Passam, Recordações que Ficam" saíu à luz do dia com o patrocínio de uma entidade exterior a Albufeira, a cidade cujo passado fecundo ele tão bem ilustra. Na prosa e na imagem. Mas, sobretudo, no espírito de salvaguarda da memória colectiva do nosso povo.

Vitor de Sousa é um velho conhecido dos albufeirenses. Muito fez no Diário de Lisboa pela divulgação da "vila branca em mar azul" do poeta Ramiro Guedes de Campos, a "Saint Tropez de Portugal" venerada e visitada pelas grandes estrelas do firmamento internacional quando o Algarve despertou para o turismo.

Não percebo, não consigo compreender, como a Câmara Municipal não soube aproveitar esta oportunidade soberana de se comprometer com a História recente de Albufeira e das suas gentes.

Fiquei deveras confuso quando, na sessão de apresentação realizada na Biblioteca Municipal, a que tive o privilégio de assistir, o líder do Município afirmou aos circunstantes que o Vítor de Sousa, quando quisesse, no futuro, poderia contar com o apoio da Câmara.

Por quê no futuro e não agora?

Haviam-me chegado rumores, após a exposição de fotografias que assinalável êxito obteve no ano passado, de que o autor estaria em conversações com o pelouro da Cultura para eventual patrocínio do livro... E, afinal, a afirmação do edil, ao soltar a idéia de que não conhecia as referidas conversações, deixam claramente entender que há efectivas deficiências de comunicação no seio do executivo.

Por que não editou a edilidade ela própria o livro, incluindo-o no acervo histórico que é sua obrigação preservar?

Penso que a Câmara de Albufeira continua a oferecer melhor tratamento aos "artistas" vindos de fora para sacar umas massas nos nossos palcos e nas nossas galerias, do que àqueles que aqui se sacrificaram e sacrificam em prol do colectivo local, neste caso particular, da cultura e da memória que é parte inseparável da nossa essência de cidadãos de Albufeira.

Dir-me-ão que o Município adquiriu ao autor uma centena de exemplares da obra editada. O que por si constitui já uma ajuda. Mas é muito pouco. Porque a obra de Vitor de Sousa não é "sua". Pertence ao domínio da propriedade intelectual gregária dos albufeirenses!

 

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