Política local
MAIORIA AGRADECE
ZÉ D'ALBUFEIRA
Na contagem decrescente para as autárquicas, a maioria social-democrata que comanda o Município de Albufeira exulta de alegria perante os ataques redutores que lhe são desferidos pela oposição não partidária e que se resumem tão-somente ao desastre por que se saldou o Programa Polis. Tratando-se ainda por cima de uma matéria sobre a qual os edis, em juízo e fora dele, poderão facilmente escamotear responsabilidades, endossando-as muito claramente à sociedade gestora e aos executores do crime. E promovendo, para gáudio de todos, embora com o dinheiro de todos, as intervenções de remedeio que se mostrarem inadiáveis, como a que está em curso nos canos da baixa.
Concentrando a sanha opositora na famigerada intervenção Polis, os auto-nomeados porta-vozes da ira popular (alguns patenteando o desejo íntimo de ocupar o lugar do Desidério) acabam por prestar à maioria um preciosíssimo serviço, fazendo esquecer as enormidades praticadas pela gestão autárquica ao longo de todo o mandato. E a inoperância quase total dos serviços camarários, muito mal enquadrados por uma vereação (parte dela) e por um conjunto de quadros - engenhocas e doutorecas - que muito deixam a desejar.
Há sectores na Câmara que funcionam muito mal, ou mesmo que não funcionam, com repercussões muito graves ao nível da funcionalidade das estruturas e equipamentos do concelho e da qualidade de vida dos cidadãos, pese embora o tal estudo "universitário" que deu brado.
Comparando a Câmara com um exército, permita-se-me o exagero, eu diria que tem óptimos soldados, bons sargentos e péssimos generais[*]. Pela sua inacção ou má acção, têm-se agravado assustadoramente a pobreza, a falta de habitação acessível às famílias carenciadas, a ausência de lares e creches para idosos e filhos de famílias de parcos recursos, o flagelo da droga, a pedinchice, os roubos e crimes associados aos negócios da noite, a confrangedora insegurança, a falta de autêntica protecção civil, a confusão no trânsito, a acumulação de lixo por todos os cantos, o caos urbanístico (onde o poder do dinheiro faz lei) - e tantos tantos outros itens que seria fastidioso enumerar, mas que toda a gente conhece porque tropeça neles todos os dias.
Quanto à oposição partidária, não se dá por ela. Parece que está na fase de perguntar aos munícipes que razões de queixa têm, para elaborar um "manual do candidato" com as idéias-chave a desenvolver em ocasião mais oportuna. Isto é, em período de pré-campanha eleitoral.
Albufeira merece mais. [Não é slogan eleitoral]
[*] - com excepção do Chefe de Estado-Maior e do vice-Chefe.