1999-Vitória da vontade de um Povo
TIMOR-LESTE
INDEPENDENTE HÁ DEZ ANOS
ZÉ D'ALBUFEIRA
Dez anos passaram sobre o começo (formal) da independência da República Democrática de Timor-Leste. O nascimento de uma Nação é sempre motivo de enorme alegria para os amantes da liberdade e defensores da emancipação dos Povos, principalmente quando estes vêm de períodos negros de jugo imperialista, castrados nos seus direitos mais elementares, como foi o caso dos habitantes daquela região dos confins do mundo, parte integrante de Portugal até à ocupação perpetrada pela Indonésia. Foi por isso com alegria imensa que nós portugueses vivemos esse acontecimento de há uma década, no qual Portugal teve participação decisiva.
Gostaria de assinalar esta efeméride com algo de significativo dirigido aos meninos (que são o futuro) de Timor-Leste. Talvez um poema... simples, humilde poema repleto do amor e solidariedade que me enche o coração quando penso naquele Povo que continua aos trambolhões em busca da Paz. E de um Estado consolidado que, verdadeiramente, ainda não tem.
Não fui dotado, infelizmente, de veia poética - não posso escrever o poema que me vai na alma. Socorro-me, por isso, d' Os meninos de Huambo do Paulo de Carvalho (até pela similitude de situações) para os envolver num grande abraço à volta da língua e da História que nos une.
OS MENINOS DE HUAMBO
Letra e música de Rui Monteiro
Interpretado por Paulo de Carvalho
Com fios feitos de lágrimas passadas
Os meninos de Huambo fazem alegria
Constroem sonhos com os mais velhos de mãos dadas
E no céu descobrem estrelas de magia
Com os lábios de dizer nova poesia
Soletram as estrelas como letras
E vão juntando no céu como pedrinhas
Estrelas letras para fazer novas palavras
Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade
Com os sorrisos mais lindos do planalto
Fazem continhas engraçadas de somar
Somam beijos com flores e com suor
E subtraem manhã cedo por luar
Dividem a chuva miudinha pelo milho
Multiplicam o vento pelo mar
Soltam ao céu as estrelas já escritas
Constelações que brilham sempre sem parar
Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade
Palavras sempre novas, sempre novas
Palavras deste tempo sempre novo
Porque os meninos inventaram coisas novas
E até já dizem que as estrelas são do povo
Assim contentes à voltinha da fogueira
Juntam palavras deste tempo sempre novo
Porque os meninos inventaram coisas novas
E até já dizem que as estrelas são do povo
Comentário:
De rais parta ó miúdo! a 31 de Agosto de 2009 às 13:12
Dizia "Timor prendeu-me com cadeias de ferro (...)" e deixou-nos esta pérola (morreu em 1986):
Meu irmão, meu irmão branco,
de cor, como eu também!
Aceita a minha aliança.
Bebe o meu sangue no teu.
Se te sentires timorense,
bebe o teu sangue no meu.
Lenço enrolado nas mãos,
apertadas, pele na palma.
Não o quero maculado.
Quero-lhe mais que à minha alma.
É penhor de uma aliança.
Quero-lhe mais que à minha alma.
Tenho o meu coração preso
a um símbolo desfraldado;
Um desenho atribuído,
pelas minhas mãos hasteado.
Não piso a sombra de um símbolo
pelas minhas mãos hasteado.
No Tata-Mai-Lau aprendo
alturas que ninguém viu
na terra de Português.
Hasteei-lhe uma bandeira.
Timor deu a volta ao mundo.
Hasteei nele a bandeira.
(Um Cancioneiro Para Timor)