No rescaldo da tragédia
PREPARAR O FUTURO
ZÉ D'ALBUFEIRA
"Enterrar os mortos e cuidar dos vivos"
Sebastião José de Carvalho e Melo
Deixei assentar propositadamente a poeira (mental) "libertada" pelo trágico desmoronamento da Praia Maria Luisa, para trazer o assunto à colação, mas em termos de futuro, afastada que está a possibilidade de confusão com as carpideiras que nunca faltam nestas ocasiões de infortúnio para verterem lágrimas (de crocodilo) sobre o leite derramado, jogando mão despudoradamente da desgraça alheia, no caso em apreço a morte horrível dos cinco cidadãos que gozavam em paz as delícias do verão algarvio, para apontar culpados e assim darem largas aos seus ódios (e invejas) de estimação.
A visão lúcida e séria do director do "barlavento", em editorial da semana passada, aponta o caminho a seguir no futuro em matéria de prevenção: criar nesta época do ano os chamados serviços cívicos, recrutando gente que recebe subsídios do Estado, para as colocar como vigilantes nas praias, ajudando e acautelando a vida dos utentes.
Tem razão Helder Nunes.
Espero bem que a sua meritória sugestão seja aceite e aproveitada por quem de direito, porque é sobretudo sensata e facilmente exequível sem custos adicionais para o Estado.
A exemplo do que se passa com os programas ocupacionais - colocação de beneficiários do subsídio de desemprego em entidades públicas, onde desempenham cargos da maior utilidade - também os Ministérios do Ambiente e da Defesa, que dividem a tutela da orla marítima, poderiam (deveriam) proceder ao recrutamento e formação de desempregados para funções de vigilância das praias, constituíndo uma rede de agentes devidamente enquadrados pela Autoridade Marítima e capazes de assegurar uma acção permanente de acolhimento e aconselhamento dos banhistas em matéria de segurança.
Gostaria (gostaríamos todos, concerteza) de os ver em actuação já na próxima época estival, no exercício de uma actividade cívica e pedagógica de que eles próprios, por certo, muito se honrarão.
ACTUALIZAÇÃO (05/09/09,00h49)-NUNES CORREIA PRETENDE PUNIR BANHISTAS INCUMPRIDORES. O ministro do Ambiente, Nunes Correia, pondera criar leis que punam banhistas que desrespeitem sinais de perigo. A ideia surge na sequência do incidente de Albufeira. (Dos jornais)