Grandes superfícies
ABERTURA AO DOMINGO
SIM OU NÃO?
ZÉ D'ALBUFEIRA
d.r.
Não querendo suportar o ónus da decisão sobre a abertura das grandes superfícies aos domingos e feriados, qualquer que ela seja, o Governo resolveu, numa medida descentralizadora, atirar a batata quente para as autarquias. Pretendendo, por outro lado, nada custa reconhecê-lo, permitir a tomada de medidas ajustadas a cada caso. E os autarcas são, de facto, os políticos melhor colocados para o fazerem, de tal modo a sua acção é de proximidade aos cidadãos. Cada cidade é um universo particular, com especificidades próprias, e ninguém melhor que os detentores do poder local legítimo para o conhecerem a fundo e decidirem em consonância com as realidades do tecido sócio-económico em que se inserem.
Não se percebe, por isso, que os Municípios (pelo menos uma boa parte deles) se estejam a movimentar à volta da respectiva associação nacional para concertarem em conjunto uma deliberação... centralizada. Isto é, igual para todos, sem atender às tais especificidades próprias de cada aglomerado populacional. Acabando, ao fim e ao cabo, por fazer o que o executivo do País faria sem ter de recorrer às opiniões locais.
Ora isto é, no mínimo, remar contra a descentralização reivindicada amiúde - e muito bem! - pelos Municípios eles próprios.
No caso particular de Albufeira, não é pública qualquer informação sobre o sentido da deliberação a tomar por quem de direito. Para além da própria vereação e da direcção do partido que a apoia e, eventualmente, das associações de comerciantes - ACRAL e ACOSAL -, ninguém mais tem conhecimento do que se está a passar. E era bom que a grande massa de consumidores, que são a esmagadora maioria dos munícipes directamente interessados, fosse auscultada.
Penso que poucos terão dúvidas sobre as vantagens que advêm da abertura à tarde.
Quanto aos, por alguns (poucos), proclamados prejuízos para o comércio tradicional, ainda está por provar que assim seja efectivamente. Não é por mais quatro ou cinco horas semanais de funcionamento dos super e hipermercados que o gato vai à filhó. Veja-se o que se passa em época natalícia.
O problema da sobrevivência dos lojistas de pequena dimensão é outro bem distinto. E esse prende-se com questões estruturais, nomeadamente de mercados distribuidores, em que os lucros vão sendo absorvidos pelo caminho, deixando aos retalhistas as migalhas que lhes não permitem praticar preços concorrenciais.
*foto ALBUFEIRAsempre