País de ficção
MÁSCARAS
ZÉ D'ALBUFEIRA d.r.
Dizia-me há pouco um amigo que, a partir de hoje, iria voltar a usar a máscara, retirada pelo Carnaval.
Já o grande Vergílio Ferreira exclamara com sabedoria: "Que ideia a de que no Carnaval as pessoas se mascaram. No Carnaval desmascaram-se".
Parece de facto que assim é. Nos dias de Entrudo, permite o espírito de liberdade (ausência de censura social) que as pessoas se mostrem tal qual são intrinsecamente, assumindo a personalidade escondida no resto do ano, sujeitas à pressão que a sociedade sobre elas exerce.
Usos e costumes e preconceitos coletivos condicionam todos e cada um. A começar pelos governantes que fingem ser estadistas. Os gestores que se armam em competentes. Os autarcas que se fazem passar por importantes. A par de todo um rol de cidadãos os mais diversos, acomodados no tecido social, que fingem ser aquilo que não são.
Perante esta triste realidade e tendo em conta o desenrolar dos acontecimentos a que vimos assistindo nos últimos anos, é caso para afirmar, pela parte que nos toca a nós, portugueses, que vivemos num País pornograficamente mascarado. Numa pátria de ficção.