A redação do Joãozinho (*)
Albufeira sem iluminações é uma seca
Aquilo que poderia ter sido uma atração turística suplementar, de rara beleza, na nossa terra, nesta época festiva propícia à alegria, à luz e à cor, não passou de um enorme fracasso para mais tarde recordar. Os arquinhos de Natal com publicidade empresarial privada.
A câmara bem tentou mas não obteve resposta. Abriu concurso, divulgado no site do município, para atribuição dos tais arquinhos iluminados na sede do concelho e nas freguesias. O caderno de encargos até estava muito bem elaborado, como se se tratasse de coisa séria... Mas o concurso ficou deserto. O tecido empresarial, vergado ao peso da ação devastadora do governo Passos/Gaspar, não quis saber de custear os enfeites natalícios de Albufeira. Quiçá, temendo que o pulso forte do fisco lhe voltasse a cair em cima. "O quê? Substituirmo-nos à câmara no pagamento das iluminações de Natal, assumindo protagonismo, para ficarmos cativos da mão pesada dos esbirros dos impostos? Valha-nos o menino Jesus!"
E, assim, o presépio escondido a um canto da entrada do edifício da câmara (não fosse alguém pensar que ali habitavam cristãos...) e um pirilampo ou outro num qualquer lugar recôndito da baixa - não foram suficientes para emprestar à nossa cidade o ar de opulência de outras eras, em que se gastou o que tínhamos e o que não tínhamos para ombrear com as grandes metrópoles e dar brado nas televisões para consumo interno. Os tais festejos de fim-de-ano que traziam à economia local, de acordo com a propaganda oficial, 'retornos de 100 milhões de euros!'
Por termos gasto nesses outros anos o que não tínhamos é que o município está, agora, com um grau elevadíssimo de endividamento, que lhe não permitiu mais do que o arquinho na principal entrada da cidade 'capital do turismo'. E mesmo esse foi a preço de saldo... até a estrela do município só emite luz branca. A cores, provavelmente, seria mais cara.
*Recém-regressado do Brasil, onde frequentou um curso intensivo de Língua Portuguesa