Ex-libris de Albufeira
O RELÓGIO DA TORRE
ZÉ D'ALBUFEIRA
Já regulava a vida dos albufeirenses quando aqui nasci. É parte de mim próprio desde que vim ao mundo, tal como os genes que os meus pais me transmitiram.
O relógio da torre.
De alguma maneira ele intervém todos os dias na vida de quantos aqui labutam. Marca-lhes o ritmo, quicá sem disso se aperceberem. É imperioso (fisicamente) e impõe-lhes a sua cadência com autoridade. De tal modo que quando se cala, ou é calado, por largos períodos muitos lhe acham a falta.
Tem presença cativa no ego de cada um de nós.
Sem o relógio da torre Albufeira não seria certamente a mesma. A vida das nossas gentes teria sido porventura diferente. Movendo-se a um ritmo distinto. Não sujeito ao martelar das badaladas que ele canta a cada meia-hora.
Nunca teríamos visto o sr. Pereira a atravessar a rua desde o Café da Júlia para abrir as portas da Central à primeira badalada.
Plantaram na parte nova da cidade dois relógios de cores garridas, bem mais modernos e vistosos. Mas sem a atracção que sobre nós exerce o velho relógio da torre. Ou, como queiram, a velha torre do relógio, sobranceira, esbelta e romântica na (que foi a) subida do castelo.