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Albufeira Sempre

Diário sobre Albufeira.

Albufeira Sempre

Diário sobre Albufeira.

1999-Vitória da vontade de um Povo

albufeiradiario, 31.08.09

 TIMOR-LESTE

INDEPENDENTE HÁ DEZ ANOS

ZÉ D'ALBUFEIRA               timorese_kids.gif

Dez anos passaram sobre o começo (formal) da independência da República Democrática de Timor-Leste. O nascimento de uma Nação é sempre motivo de enorme alegria para os amantes da liberdade e defensores da emancipação dos Povos, principalmente quando estes vêm de períodos negros de jugo imperialista, castrados nos seus direitos mais elementares, como foi o caso dos habitantes daquela região dos confins do mundo, parte integrante de Portugal até à ocupação perpetrada pela Indonésia. Foi por isso com alegria imensa que nós portugueses vivemos esse acontecimento de há uma década, no qual Portugal teve participação decisiva.  

Gostaria de assinalar esta efeméride com algo de significativo dirigido aos meninos (que são o futuro) de Timor-Leste. Talvez um poema... simples, humilde poema repleto do amor e solidariedade que me enche o coração quando penso naquele Povo que continua aos trambolhões em busca da Paz. E de um Estado consolidado que, verdadeiramente, ainda não tem.

Não fui dotado, infelizmente, de veia poética - não posso escrever o poema que me vai na alma. Socorro-me, por isso, d' Os meninos de Huambo do Paulo de Carvalho (até pela similitude de situações) para os envolver num grande abraço à volta da língua e da História que nos une.

 

 

 

OS MENINOS DE HUAMBO

Letra e música de Rui Monteiro

Interpretado por Paulo de Carvalho

 

Com fios feitos de lágrimas passadas
Os meninos de Huambo fazem alegria
Constroem sonhos com os mais velhos de mãos dadas
E no céu descobrem estrelas de magia

Com os lábios de dizer nova poesia
Soletram as estrelas como letras
E vão juntando no céu como pedrinhas
Estrelas letras para fazer novas palavras

Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade

Com os sorrisos mais lindos do planalto
Fazem continhas engraçadas de somar
Somam beijos com flores e com suor
E subtraem manhã cedo por luar

Dividem a chuva miudinha pelo milho
Multiplicam o vento pelo mar
Soltam ao céu as estrelas já escritas
Constelações que brilham sempre sem parar

Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade

Palavras sempre novas, sempre novas
Palavras deste tempo sempre novo
Porque os meninos inventaram coisas novas
E até já dizem que as estrelas são do povo

Assim contentes à voltinha da fogueira
Juntam palavras deste tempo sempre novo
Porque os meninos inventaram coisas novas
E até já dizem que as estrelas são do povo

 

Comentário:

 

De rais parta ó miúdo! a 31 de Agosto de 2009 às 13:12

Não tem veia poética, o Ruy Cinatti dá uma ajuda. Não é Timorense, nasceu em Londres, neto do Cônsul nacional na capital Britânica.
Dizia "Timor prendeu-me com cadeias de ferro (...)" e deixou-nos esta pérola (morreu em 1986):

Meu irmão, meu irmão branco,
de cor, como eu também!
Aceita a minha aliança.
Bebe o meu sangue no teu.

Se te sentires timorense,
bebe o teu sangue no meu.

Lenço enrolado nas mãos,
apertadas, pele na palma.
Não o quero maculado.
Quero-lhe mais que à minha alma.

É penhor de uma aliança.
Quero-lhe mais que à minha alma.

Tenho o meu coração preso
a um símbolo desfraldado;
Um desenho atribuído,
pelas minhas mãos hasteado.

Não piso a sombra de um símbolo
pelas minhas mãos hasteado.

No Tata-Mai-Lau aprendo
alturas que ninguém viu
na terra de Português.
Hasteei-lhe uma bandeira.

Timor deu a volta ao mundo.
Hasteei nele a bandeira.

(Um Cancioneiro Para Timor)

 

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Memórias

albufeiradiario, 24.02.09

ALBUFEIRA NOS ANOS CINQUENTA

Por Alfredo Leal Franco

ZÉ D'ALBUFEIRA   todos os caíques

Deixou-me deveras fascinado, transportando-me com enlevo às memórias da minha meninice, o texto que o dr. Alfredo Leal Franco (com ascendência materna na nossa cidade) publicou no blog "A Defesa de Faro" e que, com a devida vénia, achei por bem trazer aos visitantes do ALBUFEIRAsempre. A foto é pescada do Panorâmio, via Google.

Eu sou de Lisboa, mas a minha mãe era de Albufeira e a casa da família era ao lado da Praia dos Barcos. O ano todo em Lisboa arrastava-se penosamente à espera dos três meses de férias nas praias e campos deste Algarve. E era nesses campos de pomar de sequeiro, imagem fiel da milenar e original mata mediterranica, que íamos dar fogo à pinha para lhe arrancarmos os pinhõese assim como armar aos pássaros, com as agúdias - as formigas com asa - guardadas cuidadosamente num corno de boi tapado com rolha de cortiça depois de laboriosamente termos escavado os formigueiros à sua procura.
E enquanto esperávamos na madrugada que a passarada caísse na esparrela, lá nos espreguiçávamos por entre as videiras dos Salgados, saboreando as doces e suculentas uvas e espreitando alguma avionete que nessa altura aí tinha o seu aeródromo.
A alfarroba depois de moída era ensacada e transportada em barcos para o vapor inglês que aparecia de tempos a tempos em frente a Albufeira. Um dos barcos do meu avô era especializado nesse transporte, a garotada lá seguia escondida no porão e para se entreter na viagem íamos sacando e comendo aquele triturado doce que nos servia de manjar de réis.
Verdadeiros tempos da realeza da imaginação, das aventuras diárias de heróis de nariz pelado e pestanas brancas com o sal dos banhos sem parar, em que o tempo não tinha tempo e em que as pescarias das micharras ultrapassava usualmente a centena, nesses dias ao jantar o orgulho de contribuir para a economia familiar brilhava tanto como as micharras ao sair da água, prata sobre os azúis do mar e do céu.
Tempos em que as conquilhas eram transportadas nos alforjes dos burros e vendidas porta a porta aos litros medidos em caixas de madeira.
E quando voltávamos para Lisboa, claro que tínhamos que levar para a família e amigos os figos da Albuera, alguns em estrelas com "dentes" de amêndoa, encaixotados em caixas de madeira e que faziam as delícias na capital.Boas memórias de infãncia de outros tempos, faço votos que todos os tempos, embora diferentes, possam ser assim tão gratificantes e ricos para todos os que neles mergulham as raízes da sua vida.

 

Memória

albufeiradiario, 05.02.09

 

Quem, dentre os jovens da nossa terra que prestaram serviço militar entre 1961 e 1974, não combateu nos teatros de guerra de Angola, Guiné ou Moçambique?

Quantas famílias não choraram a perda de um ente querido nessa guerra sangrenta?

Da colaboração entre a Associação 25 de Abril e a RTP, com o apoio da União Europeia (programa FEDER), nasceu um site, intitulado "Guerra Colonial 1961-1974", que traz ao grande público uma série de factos históricos, reportagens, notícias e análises desapaixonadas que a distância de três décadas já permite vislumbrar com serenidade e isenção.

É um trabalho de excelente qualidade que merece a "visita" dos portugueses.

www.guerracolonial.org

 

Implantação da República

albufeiradiario, 05.10.08

CINCO DE OUTUBRO

ZÉ D'ALBUFEIRA      1830

Hoje é o dia em que Portugal evoca a proclamação da República, em 1910.

Dado que se trata de um tema fracturante para a sociedade portuguesa, como agora se diz, e porque não queremos de modo algum hostilizar os monárquicos (com a República que temos presentemente, bastante tem aumentado o seu número), abstemo-nos de quaisquer considerações de cariz histórico-ideológico.

 

34 anos depois

albufeiradiario, 16.03.08

16 DE MARÇO:

ANTECÂMARA DA LIBERDADE

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16 de Março de 1974
Tentativa de golpe militar contra o regime. Só o Regimento de Infantaria 5 das Caldas da Rainha marcha sobre Lisboa. O golpe falhou. São presos cerca de 200 militares, alguns deles decisivamente envolvidos na preparação da "Revolução dos Cravos".

                                                                     In Odivelas / Posto de Comando do MFA 

 

ZÉ D'ALBUFEIRA      
Ficou registado na História como o Pronunciamento das Caldas o movimento militar que eclodiu no dia 16 de Março de 1974, em antecipação do vitorioso 25 de Abril - que restituiu a Liberdade ao Povo Português.

Uma coluna militar proveniente do Regimento de Infantaria 5, das Caldas da Rainha, marchou sobre Lisboa naquela que seria uma insurreição abortada. Mas que constituiu o despertar das consciências da esmagadora maioria dos portugueses para a necessidade de mudar o rumo dos acontecimentos, com vista ao fim da ditadura fascista de Salazar e Caetano e à consequente  reposição da Democracia.

A História está por fazer. E dúvidas pairam ainda sobre a verdade dos acontecimentos daquela madrugada do final do último Inverno que antecedeu o glorioso 25 de Abril. Teria havido uma deficiente articulação do Movimento dos Capitães que  programara uma acção revolucionária que levaria ao derrube do regime opressor vigente há mais de quarenta anos em Portugal? Ou teria sido esta insurreição (das Caldas) propositadamente desencadeada como um balão de ensaio para pôr à prova a "paz podre" e a segurança do Estado de então?

O que é certo é que ela teve o condão de assustar o regime e os seus mentores. E de acordar os portugueses, preparando-os para a aceitação sem reservas da Revolução dos Cravos, iniciada com o golpe militar, então bem sucedido, de 25 de Abril de 1974.

Eu estava na tropa na altura. E vivi por dentro, com a ansiedade de quem, absorvendo com sofreguidão o conteúdo do  livro de Spínola "Portugal e o Futuro", esperava a abertura definitiva de Portugal ao mundo.

Aqui expresso a minha profunda gratidão a quantos participaram no movimento militar (abortado) de 16 de Março de 1974 - a partir do qual os portugueses acreditaram na conquista da Liberdade. Obtida, finalmente, graças aos militares que, enquadrados por heróicos Capitães, fizeram o 25 de Abril com generosidade e romantismo e sem derramamento de sangue.

5 de Outubro de 1910

albufeiradiario, 04.10.07

IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA

 

Combatentes na Rotunda

 

Nos dias 4 e 5 de Outubro de 1910 alguns militares da Marinha e do Exército iniciaram uma revolta nas guarnições de Lisboa, com o objectivo de derrubar a Monarquia. Juntamente com os militares estiveram a Carbonária e as estruturas do PRP (Partido Republicano Português). Na tarde desse dia, José Relvas, em nome do Directório do PRP, proclamou a República da varanda da Câmara Municipal de Lisboa.

 

Proclamação da República

Apesar de o 5 de Outubro não ter sido uma verdadeira revolução popular, mas sobretudo um golpe de estado centrado em Lisboa, a nova situação acabou por ser aceite no País e poucos acreditaram na possibilidade de um regresso à Monarquia.

 

 

5 de Outubro de 1910

 

Seguiu-se um período de democracia republicana, caracterizado por forte instabilidade política, conflitos com a Igreja, mas também grandes progressos na educação pública. A chamada I República Portuguesa terminou em 1926, com o golpe de 28 de Maio, a que se seguiram muitos anos de ditadura.

 

Gomes da Costa e as suas tropas desfilam vitoriosos em Lisboa (6 de Junho de 1926).

 

 

Após o 5 de Outubro foi substituída a Bandeira Portuguesa. As cores verde e vermelho significam, respectivamente, a esperança e o sangue dos heróis. A esfera armilar simboliza os Descobrimentos. Os sete castelos representam os castelos do Algarve conquistados por D. Afonso III. As cinco quinas significam os cinco reis mouros vencidos por D. Afonso Henriques. Finalmente, os cinco pontos em cada uma das quinas lembram as cinco chagas de Cristo.

O hino A Portuguesa, composto em 1890, com letra de Henrique Lopes de Mendonça e música de Alfredo Keil, tornou-se o Hino Nacional.

 

Novos Símbolos Nacionais

 

Fonte: Rui Soares Barbosa / Google

Outra personalidade (quase) esquecida

albufeiradiario, 29.09.07

MESTRE SAMORA BARROS, FILHO ILUSTRE DE ALBUFEIRA

ZÉ D'ALBUFEIRA

Outra figura a merecer mais respeito das gentes e das insituições de agora é mestre Samora Barros, professor e poeta, mas sobretudo pintor de mérito, com obra espalhada pelos cinco continentes.

Natural de Albufeira, onde nasceu há cento e vinte anos, são sua memória pública na terra que o viu nascer e em que viveu grande parte da sua existência, uma rua, uma galeria de arte e um busto que, depois da intervenção Polis foi colocado no meio do largo Engº. Duarte Pacheco sem qualquer protecção, a servir de mijadouro dos bêbados que às tantas da matina saem dos bares circundantes.

A sua obra e a sua memória exigem que a Câmara Municipal dê o braço a torcer e coloque à volta do monumento algo que impeça a "rega" nocturna. Ou que o coloque numa zona mais digna.

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