A 3 dias das eleições
Complicada simbiose
CNN Portugal
ZÉ D'ALBUFEIRA
Estamos a três escassos dias das legislativas antecipadas (inutilmente) convocadas pelo PR.
Dentre os dois candidatos com possibilidade de obter uma vitória, Rui Rio e António Costa, é este quem enfrenta maiores dificuldades em ultimar uma mensagem ganhadora.
No caso do primeiro-ministro terá de ser uma mensagem facilmente decifrável pelo eleitorado e possível de consubstanciar uma difícil simbiose entre rejeitar o chega e desejar que o chega tenha uma boa expressão eleitoral.
Isto depois de forçado pelas circunstâncias a recuar no apelo à maioria absoluta, o qual se revelou um erro crasso (vide o comportamento das sondagens).
Eu explico.
Por um lado, o PS - partido autoproclamado de esquerda apostado em abandonar as forças esquerdistas que suportaram a geringonça, em disputa de votos numa faixa que vai até ao centro-direita - é forçado, por princípio político e imperativo tático, a rejeitar o chega, afastando liminarmente qualquer hipótese de aliança com a extrema-direita.
Ver-se-á, por outro lado, obrigado a acalentar um visível mas não descontrolado reforço da confiança nos populistas de André Ventura, proveniente do eleitorado da direita liberal e conservadora, por forma a esvaziar q.b. o seu maior adversário nas urnas, precisamente o PSD.
Esta a tarefa hercúlea e, tanto quanto possível, oculta do atual chefe do governo.
A inutilidade do presente sufrágio, a que faço alusão no parágrafo introdutório, decorre do facto de, a tão poucos dias do veredicto e a confirmarem-se as atuais tendências de voto, se manterem quase inalteráveis os pressupostos que levaram a concluir, à data do anúncio da dissolução da AR, que o espetro político e a correlação de forças nele existente, apesar do recurso às urnas, se iriam manter com pequenas nuances de menor importância.
Mais valia ter deixado o executivo apresentar nova versão do orçamento, tentando completar a legislatura - o que teria saído bem mais barato ao país.