A poesia de
Maria da Conceição Elói
(Madressilva)
Amendoeiras florindo ao luar
Ao de leve
De mansinho
Cai a neve
No caminho…
E o luar desce do céu
Como um véu
De uma noiva encantadora,
Que a cismar
O estendesse a voar
Aos pés de Nossa Senhora.
E por toda a Natureza,
Como um murmúrio de reza
Fica nossa alma a sonhar,
Absorta horas inteiras
Na branca luz do luar,
Na flor das amendoeiras.
Umas de cândida alvura
- Que nem a neve mais pura –
E a cor das outras rosada,
Aquela mimosa cor
Com que o celeste Pintor
Tinge o céu de madrugada.
Charnecas são um encanto,
As planícies outro tanto
E assim,
Em cada canto e recanto,
O Algarve é um jardim!
E a lua sobe a sonhar,
Envolta em véu de tristeza,
Que a sua voz – o luar
Tem mistérios de beleza…
Anda um perfume ao de leve,
Vago e breve,
A evolar-se no ar…
No céu azul, luz e cor,
Há pétalas no caminho,
E o vento ensaia baixinho
Uma alegria de amor.
Vem o orvalho chorar
Pelos vales e montanhas
Diamantes a brilhar,
Em que depois o luar
Põe fulgurações estranhas
Oh! meu Algarve! Canteiro
Que no Inverno é mais lindo,
Com seu luar de Janeiro
E amendoeiras florindo!