Abram os olhos
Febre Michelin mata cozinha portuguesa
d.r.
ZÉ D'ALBUFEIRA
Alguém já colocou o dedo na ferida. Com oportunidade e frontalidade.
Com esta febre das estrelas Michelin estão a assassinar a cozinha autêntica portuguesa.
Os restaurantes etão a adaptar os seus menus, deixando de fora das cartas a comida tão bem confecionada, tão apetitosa e tão rica, que tradicionalmente vem alimentando o gosto dos nacionais e estrangeiros que nos visitam em busca da boa gastronomia portuguesa - que, a maior parte das vezes, resulta de anos e anos de pesquisas e enriquecimento de conteúdos e de sabores ao longo de gerações. Sem esquecer os segredos familiares ancestrais que algums receitas encerram.
Os cozinheiros da nova vaga já não se chamam cozinheiros, são chefs sem saberem muito bem o que isso é. E deixaram de se preocupar em incluir nos seus cardápios os tais pratos que fizeram as delícias da boa cozinha nacional. Procuram substituí-los por aquelas bem mais carotes, muito sofisticadas e muito menos apetitosas minudências que copiam dos receituários gourmet - e não cabem na cova de um dente.
Até os responsáveis do turismo, pasme-se!, puseram de lado os habituais apelos à divulgação dos sabores e costumes tradicionais, fomentando a nova cozinha das estrelas Michelin nos seus organismos e nas suas publicações...
Onde é que isto vai parar?