Chronica de Al-mefêra

do Bis-Conde da Orada

                                                                                                                                                           d.r.

O administrador do concelho de Al-mefêra, professor Pombo, abriu esta sexta-feira os populares festejos “Weekend Classista”, no Espelho d’Água da Várzea, com um discurso inflamado, no qual apresentou, em traços largos, um bem sustentado plano estratégico concelhio para os próximos vinte anos, elaborado pelo gabinete de estudos local do seu partido  [PSQP – Partido Salve-se Quem Puder].

Foi um justo prémio para o administrador do concelho, professor Pombo, ter usado da oratória antes do concerto sinfónico da orquestra clássica Terras do Infante, perante milhares de circunstantes que enchiam meia avenida, desde a escadaria da Igreja até aos jogos d’água ressuscitados para este evento (ou será invento?).

Isto porque sua excelência, num enorme e glorioso esforço autárquico, conseguiu meter nas 72 horas que precederam as festas, várias equipas da administração do concelho a reabilitar todo o equipamento/mobiliário urbano da zona, abandonado há anos. Só faltou, não sei se por falta de tempo ou desprezo pela segurança das pessoas, pintar as passadeiras de peões (principalmente uma, a escassos 20 metros do discurso, que, tendo sinalização vertical, nunca foi marcada na calçada (!).

É legitimamente expectável que uma vasta operação deste tipo tenha lugar, em breve, também na baixa da vila, para que os patifes do costume deixem de gritar aos quatro ventos que as ruas estão porcas, cheias de buracos e cheiram a mijo - a denegrir a imagem da “kapital do turismo de kalidade”.

Hoje, sábado, o administrador do concelho de Al-mefêra, professor Pombo, vai presidir à cerimónia de inauguração da “maior cataplana do mundo”, mandada confecionar pelo Espelho d’Água da Várzea – o que, espero, fará com a pompa e circunstância habituais nos seus actos públicos e, certamente, tomando todas as devidas cautelas para não cair na vasilha devido ao desejo irreprimível de encher o bandulho.

                                                                             Bis-conde da Orada

Qualquer coincidência com factos reais é pura semelhança.