Coádras de António Aleixo
A começar pelo «urso»
De Coimbra, a estudantada,
Só quando acaba o curso,
Sabe que não sabe nada.
Alheio ao significado,
Diz o povo, e com razão,
Quando ouve um grande aldrabão:
- Dava um bom advogado.
Foste beijar o menino,
Quando, afinal, eu vi bem
Que beijaste o pequenino
Porque gostavas da mãe.
Quem só veste o que lhe dão
Vive sempre num inferno:
Traz sobretudo no verão
E anda em camisa no inverno.
Poeta, não, camarada,
Eu sou também cauteleiro;
Ser poeta não dá nada
Vender jogo dá dinheiro.
Nem os sábios... nem os poetas
Sabem fazer, de bom grado,
Aldrabices mais completas
Do que um bom advogado.
Não há nenhum milionário
Que seja feliz como eu:
Tenho como secretário
Um professor de liceu.
Riem d´outras com desdém
Certas damas bem vestidas;
Quantas para vestir bem,
Se despem às escondidas.
Doutores nobres e ricos,
Homens de grandes valores!...
As criadas – aos penicos,
Também lhes chamam «doutores»!
Porque as pequenas se encostem,
Não vos deve causar espanto...
Eu não estranho que elas gostem
Do que nós gostamos tanto.
Onde passas deixas rasto;
Qualquer homem te seduz.
- O teu marido é padrasto
Dos filhos que dás à luz.
Certas viúvas discretas,
De luto pesado em cima,
Lembram cachos de uvas pretas,
A pedir outra vindima.