Escândalo
Prostituição de Albufeira continua
Câmara desrespeita os seus próprios regulamentos
Alberto Saraiva
ZÉ D'ALBUFEIRA
Começou nas imediações dos paços do concelho e promete irradiar para todos os lados.
Como se não bastassem os estragos, irreparáveis alguns, provocados pela intervenção Pólis de má memória, que se permitiu, contra o mais elementar bom senso e o coro de protestos da população, descaraterizar alguns dos mais emblemáticos recantos da romântica "vila branca em mar azul", eis que surge agora uma vasta operação de prostituição das ruas de Albufeira visando substituir a calçada portuguesa, outro dos ex-libris da região, por pavé. Pasme-se... por pavé! Inestéticos parelelepípedos de cimento geralmente usados em recintos industriais com elevados índices de trânsito pesado.
A Câmara, desrespeitando os próprios regulamentos e posturas municipais, que exigem calçada portuguesa nos pavimentos de novas urbanizações, contribui assim para conspurcar ainda mais o já negro ambiente citadino, quando o que a nossa cidade precisa urgentemente é que lhe lavem a cara, reponham algum do tipicismo que tem vindo a perder nos últimos anos e a transformem, de facto, naquilo que a propaganda oficial diz que é mas não é: a capital do turismo.
fotos Alberto Saraiva
Depois dos crimes hediondos que foram a destruição do passeio marginal pelo camartelo municipal e a mudança contra-natura imposta no jardim da meia laranja para satisfazer os interesses gananciosos dos donos da noite, eis que agora, para que alegadamente os turistas rascas não escorreguem mais com as bebedeiras, se dá novo golpe na tradição, em total e intolerável desrespeito pela memória coletiva do nosso povo, arrancando a calçada portuguesa e colocando no seu lugar blocos de cimento como se de um enorme estaleiro de obras se tratasse.
Albufeira conquistou ao longo dos anos o turismo internacional de razoável qualidade por oferecer aos visitantes um tipicismo muito próprio que cativava.
O turismo de copos, que desafia os costumes e a própria autoridade policial e dá trabalho inglório aos Bombeiros, tem vindo a ganhar espaço ultimamente - e agora, com estas alterações urbanísticas sem sentido nem alcance ainda mais se vai sentir em terreno favorável.
Era tempo de parar para pensar, delinear um plano estratégico futuro e lançar as bases para que Albufeira venha a reconquistar o turismo de qualidade, transformando-se numa urbe onde dê gosto viver e/ou passar férias e em que as famílias se sintam efetivamente bem.
Pelo contrário, estraga-se o que temos de aliciante e substitui-se pelo que de pior existe.