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Albufeira Sempre

Diário sobre Albufeira.

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Festas do Pescador

albufeiradiario, 07.09.15

Chico-espertismo

                                                                                                                                                              d.r.

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ZÉ D'ALBUFEIRA

A situação não é nova.

Repete-se invariavelmente em todas as edições das Festas do Pescador. Mas no certame deste ano fez aumentar o número de descontentes que, com pratos e copos nas mãos, buscavam um lugar livre para assentar arraiais e atirar-se aos merecidos petiscos e bebidas.

As mesas junto do palco, dizem os contestatários, estavam literalmente ocupadas por pessoas que nem uma garrafinha de água tinham comprado, comodamente instaladas para assistirem ao espetáculo, com total desprezo pelos que vieram para jantar ou, simplesmente, degustar umas iguarias que os diversos stands lhes disponibilizaram a troco de dinheiro.

É o tradicional chico-espertismo. Ou esperteza saloia. Manifesta falta de civismo. Com prejuízo evidente da finalidade primeira do evento, que é colocar turistas e residentes à volta de pratos típicos da região em salutar convívio. Sentados, claro, enquanto comem. É para isso que lá estão colocadas mesas e bancos.

Famílias houve que tiveram de deslocar-se a restaurantes nas imediações da Praça do Pescador - e até na vizinha capital do frango, a 7 km! - para conseguirem tomar uma refeição com as nádegas bem assentes numa cadeira.

Esta situação tem de ser revista em futuros eventos. Custe a quem custar. Há que criar um consumo mínimo obrigatório, ou cobrar entradas no recinto ou jogar mão de um outro estratagema que impeça os espertalhões de ocupar os lugares destinados aos convivas.

Os mirones tragam um banquinho de casa ou espreitem a atuação musical a partir do Pau da Bandeira.

Núcleo museológico

Hoje em dia, a única coisa que relaciona os festejos aos pescadores é a própria denominação do evento. E o espaço, o antigo lugar de terra batida onde eram avarados os barcos em caso de vendaval ou em fim de carreira. 

Com vista ao enriquecimento dos eventos futuros e à sua efetiva ligação à memória coletiva dos homens do mar, permito-me deixar aqui uma sugestão a quem de direito: a colocação ao lado do palco, ou noutro lugar de destaque, à laia de núcleo museológico, de um barco com redes e apetrechos, que faça recriar os usos e costumes praticados na faina pelos nossos marítimos de outrora - e um conjunto de figurantes, naturalmente vestidos à maneira antiga, a manusearem os aparelhos expostos, para que as novas gerações melhor compreendam a sua utilidade.

Festa e não festas

Pode haver uma razão admissível, que eu desconheça, que leve a organização a insistir na designação de "Festas do Pescador", quando a festa é só uma. Por que não adotar simplesmente Festa do Pescador? [Que é, afinal, o que toda a gente diz na gíria.]