Novo jardim na meia laranja
Memória que desperta o futuro
Vítor Sousa
ZÉ D'ALBUFEIRA
O meu (muito estimado) amigo Vitor Sousa, porventura o fotógrafo albufeirense mais talentoso da atualidade, às voltas com o baú em que religiosamente guarda as milhentas imagens artísticas captadas através da sua longa existência (já leva mais de 60 anos de uma rica vida vivida com intensidade e paixão...), nas quais tão bem fixou para memória futura momentos, pessoas e património inesquecíveis da nossa terra, trouxe-nos a lembrança de um crime hediondo perpetrado há década e meia pelo Programa Pólis de má memória, sob beneplácito da câmara municipal de então [alguns ainda lá estão].
Refiro-me ao antigo jardim da meia laranja, ocupando a totalidade do Largo Engº. Duarte Pacheco, romântico ponto de encontro de naturais e visitantes, pungentemente prostituído em total desrespeito pela memória coletiva do nosso povo, onde blocos de pedra inestéticos e frios substituíram os sempre quentes e cromáticos canteiros de flores e as frondosas árvores quase centenárias que albergavam milhares de pássaros cuja presença, esvoaçando, cantarolando e aninhando, a par da colorida presença de peixinhos no lago, transmitiam vida e alegria à nobre praça - hoje completamente atípica.
Sinto não estar longe de interpretar os mais profundos sentimentos das gentes de Albufeira, se disser que é tempo de reverter a presente situação, que a todos entristece e desconforta.
Permito-me, por isso, sugerir à edilidade que promova a requalificação da área, eventualmente levando a cabo um concurso público de ideias para a construção de um jardim urbano adequado às características urbanísticas e paisagísticas de Albufeira. E tendo em atenção as reais sensibilidades e tradições patenteadas pelos munícipes.
Isto sem esquecer que o novo jardim deve assentar sobre uma boa rede de drenagem das águas pluviais.
Julgo não ser pedir muito... quando se gastam centenas de milhar de euros em aviões que a ninguém aproveitam, iluminações sem visitantes e com o comércio fechado, aquisição de prédios que continuam ao abandono, para além de outros gastos sumptuosos sem retorno que se veja.