NOVO ANO
VELHOS PROBLEMAS
(ACTUALIZADO)
ZÉ D'ALBUFEIRA d.r.
Por mais reformas anunciadas e ministros substituídos, os anos lectivos sucedem-se sem inovações assinaláveis, marcados - isso sim - por trapalhadas sem as quais, estamos em crer, a comunidade escolar julgaria viver uma anormalidade.
Entre hoje e segunda-feira decorre o início das actividades lectivas nas escolas portuguesas. Admitamos que será um recomeço idêntico a todos os anteriores, uma reprise das tradicionais macacadas: das colocações dos professores à indefinição de programas e horários, passando pela falta de meios para ministrar algumas matérias... até pela impreparação técnica de alguns docentes. E, sobretudo - e cada vez mais do mesmo -, pela crescente indisciplina que grassa entre os alunos, mormente pela falta de autoridade por parte de professores e direcções dos estabelecimentos de ensino.
Conseguirá o tão propalado novo Estatuto do Aluno, que afinal nem entra em vigor no início do ano lectivo, pôr fim ao desmando que tem sido, nos últimos anos, em matéria de disciplina, o mundo escolar a todos os níveis?
Noutro campo, com agrado assinalamos que no nosso concelho não haverá encerramento de escolas. Mas a pergunta impõe-se: o reagrupamento que o ministério está a impôr drasticamente, contra as populações e as autarquias, trará resultados positivos no futuro? A minha geração, completado o Ensino Primário, tinha de deslocar-se para Faro e Portimão para poder frequentar o Ensino Secundário, com todos os aspectos negativos que tal medida inexoravelmente teve sobre as famílias e o rendimento escolar. Para além do facto, porventura mais relevante, de a esmagadora maioria não poder, por falta de condições económicas e sociais, continuar os seus estudos. A situação hoje é diferente, é certo, uma vez que os transportes são assegurados sem encargos para as famílias. Mas restarão aos estudantes nestas circunstâncias tempo e disposição para se dedicarem com seriedade ao estudo e demais tarefas para que serão solicitados? Ou vai deixar de haver TPC? E será institucionalizado o copianço e o uso das máquinas, em substituição do natural e salutar esforço mental?
O Ensino é, porventura, na minha modesta opinião, um dos sectores em que mais se faz sentir a incompetência de quem nos vem governando nos últimos decénios. Para quem apenas contam as estatísticas em detrimento da verdadeira qualidade. Sendo que é mais descaradamente acentuada a preocupação em combater os costumes e tradições do nosso povo, do que dotar os homens de amanhã dos instrumentos necessários à boa condução do País rumo a um futuro seguro, assente em valores perenes e qualificações consequentes e firmes.
*foto ALBUFEIRAsempre
ACTUALIZAÇÃO (09/09/10) - Por acharmos oportuna e umbilicalmente ligada ao tema em apreço, aquilinkamosuma peça hoje publicada pelo barlavento com base em declarações do Dr. José Carlos Rolo, vice-presidente da Câmara, que tutela a Educação e é, sem dúvida, a maior autoridade na matéria no nosso concelho.