DESIDÉRIO
SUCEDE A DESIDÉRIO
ZÉ D'ALBUFEIRA
Caíu o pano sobre a campanha das autárquicas.
Campanha decrépita. Amorfa. Destituída de qualquer tipo de inovação. Sensaborona. Pelo menos no que a Albufeira diz respeito. Uns cartazes personalizados, flyers pouco esclarecedores e muito repetitivos, meia dúzia de jotas (pagos) já nos últimos dias, em atitudes carnavalescas mas sem impacto. Porta-a-portas demasiado gastos e nada convincentes. Umas jantaradas (que estas coisas querem-se é de barriga cheia - e com uns copos à mistura, é claro) e algumas prendas quase à sucapa. Pouco mais.
De resto, também os indispensáveis carros de som. Mas mesmo esses, enfadonhamente sonolentos. Incapazes de atrair a atenção de alguém. Limitando-se, sempre a rolar, a passar cassetes inaudíveis. Para as quais já não há pachorra.
No meu tempo, falávamos nós próprios, ao vivo, directamente às populações, com as viaturas paradas em locais estratégicos. O discurso era dinâmico, variado e selectivo. No cais dirigíamo-nos aos pescadores. Na praça, às donas-de-casa. Na Rua Direita, aos comerciantes. E a todos transmitíamos, de viva voz, em versões improvisadas mas esclarecedoras, os nossos programas, intenções e sentimentos em relação ao futuro. Criava-se um clima de interesse à nossa volta que suscitava os circunstantes a interagirem connosco e entre eles, em atitude cívica saudável, hoje difícil de verificar. Infelizmente.
EXPECTATIVA
Certo é que, terminada a campanha, esta cede o lugar à expectativa criada pelas mensagens que lograram passar quanto à excelência de cada candidatura. Expectativa, aliás, acompanhada de quase-certezas por parte de significativas franjas do eleitorado.
Muitos transportam, no fundo, a convicção de que o "seu" candidato sairá vencedor na disputa de domingo. Outros, em não menor número, não terão assim tantas certezas. Nem quanto ao vencedor - nem sequer relativamente ao sentido do voto que depositarão na urna.
DESIDÉRIO EM VANTAGEM
No início da semana, tive acesso a um estudo recente, realizado por um órgão de informação, que atribui a Desidério Silva uma vantagem de 20% sobre David Martins.
Trocando impressões sobre esta previsão com um dirigente local do PS, enterrado até à medula nesta disputa eleitoral, dele obtive a seguinte versão contrária: terá havido há um ano uma sondagem, encomendada pelo próprio PSD, que dava a Desidério, efectivamente, uma vantagem de 20%; mas sondagem posterior reduziu esse avanço para 10%; resultado rectificado mais tarde e mais em cima do período de campanha para 4%; e que, agora, quase à boca das urnas, se limitava a uns 3 e tal por cento - ou seja, estaríamos perante uma situação de empate técnico, uma vez que a vantagem seria inferior à margem de erro atribuída. Sendo que, ainda segundo a fonte citada, David estará em curva ascendente e Desidério em queda.
Porém, como é hábito ouvir-se nestas alturas, "as sodagens valem o que valem". E a grande sondagem, a mais credível, a única absolutamente segura será a que o eleitorado ditar nas urnas amanhã.
DAVID TEM PERFIL
Insuspeitos apoiantes tradicionais do PS, com quem falei ao longo das últimas semanas, reconhecem que David Martins terá perfil para o lugar de presidente do nosso Município. Apontam-lhe, contudo, demasiados erros de casting na elaboração da lista e também a falta de concretização de uma estratégia e um programa arrojados e exequíveis. Mais a pensar no futuro do que a criticar o passado recente.